quarta-feira, 25 de abril de 2007

DIA INTERNACIONAL DO PLANETA TERRA


Rio Tejo - Vista para sul, a partir do Miradouro do Castelo

Vista para leste, a partir do Miradouro do Castelo


DIA NACIONAL DO PATRIMÓNIO GEOLÓGICO - 22 DE ABRIL DE 2007

Comemorou-se no passado domingo, 22 de Abril, o Dia Internacional do Planeta Terra e o Dia Nacional do Património Geológico, num workshop em Vila Velha de Ródão, subordinado ao tema" Património Geológico e Geomorfológico da região de Ródão", organizado pelo Centro de Geociências da Universidade de Coimbra, a Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão, a Associação de Estudos do Alto Tejo e a ProGEO Portugal ( Grupo nacional da Associação Europeia para a Conservação do Património Geológico).



Vista para sudeste, a partir do Miradouro do Castelo

Castelo dos Templários - Ruínas


Da parte da manhã realizou-se uma visita de campo orientada pelos Professores Doutores Pedro Proença Cunha, da Universidade de Coimbra e António Martins, da Universidade de Évora.


Estes dois investigadores colaboraram na investigação sobre a região dos concelhos de Vila Velha de Ródão e de Nisa, procurando esclarecer a evolução geológica e da paisagem durante o Cenozóico.


A "aula de campo"decorreu no Miradouro do Castelo donde se avistam as Portas de Ródão inseridas numa envolvente paisagistica magnífica. As Portas de Ródão
foram consideradas um dos mais importantes geomonumentos existentes em Portugal ao nível da paisagem e actualmente decorre o processo de classificação como Monumento Natural.


Durante a tarde, na Casa de Artes e Cultura do Tejo e após a sessão de boas vindas da Presidente da Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão foram desenvolvidos dois temas: "A investigação geológica e geomorfológica" e "A geoconservação"com a participação de diversos oradores.
De assinalar que as primeiras descobertas geomorfológicas de Vila Velha de Ródão remontam a 1907.
Foi muito interessante este dia diferente que passei com geólogos e geógrafos que me despertaram mais para a geodiversidade e para a geoconservação.

sexta-feira, 30 de março de 2007

MAMÍFEROS EM EXTINÇÃO

ALTERAÇÕES AMBIENTAIS PROVOCADAS PELO HOMEM TÊM LEVADO MUITOS ANIMAIS AO DESAPARECIMENTO

Os mamíferos desde o seu aparecimento há cerca de 180 milhões de anos, foram evoluindo e adaptando-se ao meio ambiente. Mas, nunca, tantas espécies de mamíferos desapareceram ou estiveram em vias de extinção.
A responsabilidade recai, quase exclusivamente sobre o homem, que corta as florestas, lavra os terrenos, drena os pântanos, desvia o leito dos rios, restringe consideravelmente o habitat dos mamíferos.

O grau de interferência do homem é tão grande, que provoca um desiquilíbrio profundo na biosfera, com consequências para a própria humanidade, provocando grande diminuição de reservas naturais, quer vegetais, quer animais.
Existe uma relação directa entre o aumento da população humana e o número de espécies extintas, por duas causas fundamentais:
-destruição directa - provocada pela caça intensa, como desporto ou para conseguir carne, couro;
-destruição indirecta - provocada pela alteração do habitat de muitas espécies através da destruição de florestas e de campos e do crescimento das cidades.

A Europa e a América do Norte são as regiões do globo que sofreram maiores transformações no ambiente natural. Há um milhar de anos atrás o continente europeu era coberto de extensas florestas, hoje desaparecidas. A fauna sofreu uma redução drástica, em especial, as espécies de grande porte, tais como, o alce, o bisonte, o urso, o lobo, o lince, hoje em número muito reduzido e só limitado a áreas muito restritas.

O único grande bovídeo que ainda sobrevive na Europa é o bisonte, actualmente confinado, sob severa protecção, nas florestas de Bialowieza (Polónia), em alguns parques da Rússia e na Suécia e nos Jardins Zoológicos de todo o mundo.
O bisonte deixou de existir no estado selvagem na década de 1920, perseguido por doenças, pelos predadores e, principalmente, pela civilização que alterou e destruiu o seu habitat.

Nos Estados Unidos e no Canadá o número de bisontes americanos diminuiu drásticamernte devido à intensa caça a que foram submetidos para proporcionar carne aos construtores dos caminhos de ferro. Estes herbívoros podem chegar a pesar uma tonelada e medir três metros de comprimento e dois metros de altura. Caracterizam-se pela bossa no pescoço e pelo grande colar de pele lanosa. No Inverno, alguns rebanhos deslocam-se para zonas mais quentes em busca de alimento, enquanto outros escavam na neve para encontrar pequenas zonas de pasto. No verão os machos lutam ferozmente pelas fêmeas. O seu tempo de vida é de 30 a 50 anos. Hoje, nas pradarias do longínquo oeste americano, já só restam cerca de 2500 exemplares.

Na Ásia observa-se um discreto equilíbrio da fauna, dado o respeito religioso pelos animais. No entanto, ao sul da Ásia o rinoceronte sofre uma caça intensa e absurda, por se acreditar nas qualidades mágicas e curativas dos seus cornos e de outras partes do corpo. O rinoceronte da Índia é a variedade maior deste animal em toda a Ásia. Tem um único corno, que chega a medir 40 centímetros. De facto não é verdadeiramente um corno, mas um feixe de pelos fortemente unidos entre si. Este animal tem uma altura semelhante à de um touro e pesa mais de duas toneladas. A sua pele é muito grossa, com pregas profundas que parecem placas de blindagem e protuberâncias semelhantes a rebites. Com este aspecto é natural que muitos pensassem tratar-se de um animal couraçado. De facto, um rinoceronte em investida parece um tanque de assalto. Infelizmente a "armadura" não o protege das balas dos caçadores que o procuram para vender a sua pele, os seus cascos e, especialmente, o corno, muito apreciado pelos curandeiros orientais. O seu tempo de vida oscila entre os 30 e 47 anos. Actualmente restam uns mil rinocerontes na Índia, que vivem em reservas protegidas.


Fontes:
Enciclopédia da Ciência Ilustrada, Abril Cultural,1973, p.3244-3247, Vol.10;
http://sotãodaines.chrone.pt

A FLORESTA TEMPERADA



Ao silêncio do Inverno segue-se uma explosão de cores e sons primaveris...


A diferenciação estacional nas florestas temperadas é bastante acentuada. A Primavera é caracterizada pelo verde intenso das folhas e pelas mais variadas flores. A folhagem das árvores, que no Verão é verde, começa, na chegada do Outono, a tomar tons avermelhados, acabando por cair.

Há milénios que o Homem se tem concentrado, preferencialmente, no hemisfério norte, onde têm surgido os mais importantes progressos da sociedade. As grandes variações térmicas e as alterações climáticas agem como estínulo a uma contínua adaptação dos organismos vivos. Os animais e as plantas, pela contínua luta com o ambiente, muitas vezes hostil, sofrem constantemente um processo evolutivo, de forma a tornarem-se aptos a enfrentar o dinamismo ambiental.

A intervenção do Homem nas regiões temperadas tem destruído vastas áreas de floresta, para utilização dos solos na agricultura, pelo que, actualmente, a floresta temperada, com características primitivas está limitada a poucos milhares de quilómetros quadrados. A diminuição da área florestal implicou a redução da população animal nessas regiões e muitos deles modificaram o seu regime alimentar, que, em parte, é constituído pelo que conseguem no solo aberto e cultivado pelo Homem.


Amendoeiras em flor, Foz Côa, 2007









A fauna da floresta temperada é constituída por espécies de pequeno porte que migram ou hibernam. As aves são, predominantemente, migradoras, como o pica-pau verde, alguns pequenos mamíferos, répteis, anfíbios, moluscos e artrópodes. Os roedores que não se delocam, tal como as lebres e os esquilos, trocam de pelo com a chegada do inverno, mas o índice de mortalidade é muito elevado quando chega o frio. A marmota, que é um pequeno herbívoro roedor hiberna, tornando-se uma presa fácil para os predadores. A comunidade ecológica animal da floresta temperada é constituída por lobos, raposas, javalis, cervos, infelizmente, quase todos, actualmente, em vias de extinção.


Nos riachos, charcos e lagoas das águas das florestas temperadas, existem peixes, rãs, salamandras, sapos e grande variedade de insectos.


A floresta temperada é um ecossistema constituído por comunidades de plantas, animais e microorganismos que interagem com o ambiente não vivo como uma unidade funcional. O Homem faz parte integrante do ecossistema, o que llhe fornece uma grande variedade de benefícios, contribuindo para o seu bem-estar, onde se incluem serviços de:
PRODUÇÃO - alimentos, combustíveis, água potável e recursos genéticos;
REGULAÇÃO - clima, controlo da erosão, doenças humanas e purificação da água;
SUPORTE - produção primária, produção de oxigénio, formação de solo;
CULTURAIS - enriquecimento espiritual, desenvolvimento cognitivo e experiências de reflexão, de recriação e estéticas.

A Biodiversidade é constituída pelos organismos vivos de todas as origens, incluindo os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos dos quais esses organismos fazem parte. Os produtos da biodiversidade incluem muitos dos serviços produzidos pelos ecossistemas, como alimentos e recursos genéticos, pelo que as mudanças da biodiversidade influenciarão todos aqueles serviços. No entanto, é de realçar o valor intrínseco da diversidade das espécies vivas independentemente do papel importante que a biodiversidade tem no fornecimento de serviços pelos ecossistemas.
As mudanças dos ecossistemas pode ter pouco impacto em dias ou semanas, mas apresentam um impacto marcante no decurso dos anos, década após década. De acordo com Millennium Ecosystem Assessment, conforme referenciado em "Ecosystems and Human Well-Being: Biodiversity Synthesis", a floresta temperada apresenta impactos negativos na biodiversidade, nomeadamente:

  • elevada mudança de habitat, com itendência de mpacto decrescente;
  • baixa mudança climática, com tendência de crescimento muito rápida;
  • baixas espécies agressivas, com tendência de crescimento muito rápido;
  • moderada exploração, com tendência de impacto continuado;
  • poluição (nitrogénio e fósforo) moderada, com tendência de crescimento muito rápido.

As regiões de floresta temperada mostram tendências de subidas acentuadas em alterações climáticas, espécies invasoras e poluição, o que influenciará, muito negativativamente, a curto prazo, a biodiversidade dessas regiões, se não forem tomadas medidas adequadas e urgentes.


É preciso contrariar os impactos negativos sobre a biodiversidade se quisermos continuar a ver as explosões de cores e a ouvir os sons primaveris, a seguir ao silêncio do Inverno....

PARQUE NACIONAL DA PENEDA GERÊS


A FLORA

A flora de cada região depende de diversos factores, tais como o clima e a altitude. Até aos 1200m, a vegetação é bastante densa. A baixas altitudes, em vales quentes e abrigados existe o bosque de carvalho alvarinho (Quercus robur), encontrando-se também a gilbardeira (Ruscus lusitanica), o medronheiro (Arbustus unedo) e o azereiro (Prunus lusitanica), entre outros.
O bosque de carvalho-negral ocorre em maiores altitudes, entre os 1200m e os 1400m, no chamado piso de montanha. Além do carvalho-negral (Quercus pyrenaica), podem encontrar-se o mirtilho (Vaccinium myrtillus), o azevinho (Ilex aquifolium), o vidoeiro (Betula celtibérica e Bétula pubescens), o teixo (Taxus baccata) e o pinheiro.
Acima dos 1400m subsistem o zimbro e os arbustos rasteiros.


Azevinho Feto-do-Gerês Medronheiro


Existem ainda algumas espécies autóctones, tais como o feto-do-Gerês, o lírio-do-Gerês e o hipericão-do-Gerês.




Mato


Lírio-do-Gerês

A FAUNA


Estão recenseadas 226 espécies de vertebrados protegidas pela Convenção de Berna, das quais 65 pertencem à lista de espécies ameaçadas do Livro Vermelho de Portugal. O isolamento em que permanecem as altas zonas serranas e as condições favoráveis do meio permitiram que se mantivessem aqui espécies hoje raras e únicas no mundo, como é o caso dos garranos selvagens (Equus caballus). O garrano é um cavalo de pequeno porte que corre pelas serras do Parque e que não é estranho a quem o visita. Muitos deles já não são selvagens e pertencem aos aldeões, mas andam soltos pelas serras.
Subsistem também o javali, a raposa, o texugo, a lontra, o gato-bravo (Felis silvestris), a fuinha, o musaranho-dos-dentes-vermelhos (Sorex granarius), a marta (Martes martes) e o esquilo (Sciurus vulgaris).
Há também espécies que têm vindo a desaparecer, como o lobo e o corço, para além do garrano. O lobo (Canis lupus), quase extinto em todo o país, ainda subsiste na Peneda-Gerês, embora com pouca representatividade. Tido como predador de gado, sofre com a perseguição do homem e com as alterações do seu habitat, nomeadamente com o desaparecimento de várias espécies que constituem a sua alimentação.


Lobos


Raposa



O corço é um animal florestal parecido com o veado, apesar de o seu porte ser muito menor. Existem também texugos e gatos bravos.





A comunidade de morcegos presente no Parque do Gerês conta com oito espécies, das quais a mais importante em termos de conservação é o morcego-arborícola-pequeno.

O boi barrosão e a vaca cachena são animais típicos desta zona. A cachena é um animal de pequena estatura - o mais pequeno dos bovinos portugueses (altura à cernelha de cerca de 110 cm) e um dos mais pequenos do mundo - e encontra-se apenas em algumas zonas serranas. Também é conhecida por cabreira, devida à sua grande mobilidade na serra. É um animal de trabalho, que tem vindo a desaparecer à medida que a agricultura de subsistência e as tarefas agrícolas se reduzem.


Vaca cachena e boi barrosão

O boi barrosão é natural das áreas planálticas, sendo um animal de maior porte, com boa capacidade de trabalho e também boa qualidade da carne. Existe também o burro, que, é ainda considerado um bom animal de trabalho. A cabra-do-gerês (Capra pyrenaica) e o urso pardo (Ursus arctus), que noutros tempos existiram na serra, encontram-se extintos.
Ainda se pode ver o milhafre-real, a águia-de-asa-redonda, o falcão, o bufo-real, a coruja-do-mato e o mocho-de-orelhas-pequenas. A águia-real, ainda pode ser vista, embora esteja em vias de extinção.

Águia-real, coruja e víbora


De répteis, subsistem a cobra-d’água, o lagarto d’água e a salamandra-lusitânica (Chioglossa lusitanica). A víbora (Vipera latastei e Vipera Seonei) está ainda bem representada no Parque. A Vipera Seonei é uma espécie endémica do Norte da Península Ibérica e a apenas existe em Portugal na zona do PNPG.

Fonte: Naturlink

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

ZONAS HÚMIDAS


Uma zona húmida é:
“ uma área de sapal, paul, turfeira ou água, natural ou artificial, permanente ou temporária, com água parada ou corrente, doce, salobra ou salgada, incluindo águas marinhas até seis metros de profundidade, na maré baixa e zonas costeiras e ribeirinhas”.
Esta definição inclui todos os ambientes aquáticos do interior e zona costeira marinha e foi adoptada pela Convenção de Ramsar sobre Zonas Húmidas, em vigor desde 21 de Dezembro de 1975.
Portugal assinou a Convenção em 9 de Outubro de 1980 e ratificou-a em 24 de Novembro do mesmo ano (Decreto-Lei nº101/80, de 9 de Outubro), mas apenas entrou em vigor em 24 de Maio de 1981.
A Lagoa de Santo André ( Santiago do Cacém) é uma importante zona húmida e um dos 17 sítios RAMSAR de Portugal. Outro exemplo de zona húmida são os estuários, alguns considerados sítios Ramsar, como o Estuário do Rio Tejo.


RN Estuário do tejo - Alcochete -2004 ( foto do Núcleo de Lisboa da Quercus)

Em redor, deste estuário, um dos mais importantes da Europa, subsiste ainda uma paisagem com sapais, bancos de lodo, vestígios de antigas salinas e viveiros de peixe, entretanto desactivados, e, ainda, evidências de património de interesse histórico-arqueológico ligado a antigas práticas sustentáveis de exploração dos recursos do estuário, nomeadamente, os moinhos de maré e seus viveiros, que são necessário preservar.

As zonas húmidas litorais (lagoas, sapais, estuários) constituem um meio privilegiado para a sobrevivência e reprodução de muitas espécies animais terrestres e aquáticas. As condições abióticas específicas destes locais proporcionam a existência de uma grande riqueza piscícola, de bivalves e a grande diversidade de aves. No entanto, a caça excessiva, a poluição, a drenagem e o enxugo de terrenos constituem ameaças à sobrevivência destes espaços naturais.

Fonte: ICN

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

A "VIDA" DAS ROCHAS - AS PEDRAS PARIDEIRAS



Na aldeia de Castanheira, na Serra da Freita, concelho de Arouca existe um fenómeno raro no mundo. Chamam-lhe as “Pedras Parideiras”, pois são pedras que parem pedras…


O afloramento tem a forma de uma janela granítica oval, com 500x700m e apresenta no seu seio formações nodulosas. Os curiosos nódulos têm forma de disco biconvexo que pode chegar aos 15-20 cm e diâmetro e 5-6cm de altura máxima. O seu núcleo é composto essencialmente por quartzo e feldspato e está envolvido numa coroa tipicamente biotítica (mica preta).




Entretanto, as massas graníticas que afloraram à superfície do solo vão, por acção da meteorização mecânica, nos nossos dias, desagregando-se e libertando os referidos encraves. A pedra racha e parte – porque tem uma foliação bem marcada – e nessa altura o nódulo de biotite sai. O que se passa neste caso é uma acção conjunta da meteorização pela acção do gelo (gelivação), e pela acção do calor (crioclastia/termoclastia).


A termoclastia constitui um tipo de agente de meteorização, provocada pela variabilidade da temperatura na superfície dos materiais rochosos, provocando uma variação no volume. Os encraves dilatam-se, como reacção a temperaturas elevadas, e contraem-se por reacção ao arrefecimento. Como as rochas são em geral agregados poliminerálicos, e devido ao facto de cada mineral apresentar diferentes valores de coeficiente de dilatação, surgem diferentes velocidades de expansão e contracção. As partes mais externas das rochas, sujeitas a fortes amplitudes térmicas diurnas vão-se fracturando.



A desagregação pela gelivação é das mais eficazes em termos de fracturação, embora seja um mecanismo de carácter sazonal e que ocorre, predominantemente, em zonas de alta montanha. Este agente, contribui activamente para o “parir” do nódulo de biotite. A água contida nas fracturas, quando a temperatura é menor que 0ºC, começa a gelar na parte mais superficial. À medida que a temperatura exterior baixa, as cunhas de gelo vão crescendo no interior das fracturas. A água ao congelar, aumenta de volume (cerca de 10%), exercendo consequentemente, uma grande pressão, no interior dessas fracturas, provocando o seu alargamento e prolongamento. Logo, promove a desagregação das rochas, e o consequente “parir” do encrave biotítico.



As Pedras Parideiras, afloram à superfície da rocha, desprendem-se e vão-se acumulando no solo e os camponeses da região chamam à rocha "a pedra que pare pedra", isto é, a rocha que produz uma outra rocha.

Adapatado de : A''Vida'' das Rochas, as Pedras Parideiras.htm, Artigo no âmbito da colaboração Visionarium/ Ciência Hoje, 2006-02-09, por José Manuel Lobo e Bruno Manuel Rodrigues Novo.
Nota- Todas as fotos foram feitas por mim quando visitei o local, em Fevereiro de 2007.


quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

PEDRAS PARIDEIRAS

Um fenómeno espantoso, talvez único em todo o planeta.

Na aldeia de Castanheira, perto de Arouca, na serra da Freita, há pedras a parir pedra. O povo da região chama-lhes as pedras parideiras. Na Castanheira, a pedra-mãe, é o granito. "As jogas são as pedras paridas. Elas vão crescendo devagar dentro das lajes e depois saltam fora" - garante Manuel Tavares, agricultor. "E do sítio de onde elas saem fica um pretinho por baixo, sempre um vãozinho preto e depois torna outra joga a crescer com o tempo e torna a saltar".
Às jogas, os miúdos de Castanheira chamam ovelhas e os geólogos encraves. Fernando Noronha, professor catedrático da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, é de opinião que a autarquia de Arouca e o povo da Castanheira são entidades fundamentais para ajudar a salvar estes "importantes monumentos geológicos: coisa rara que não se pode deixar destruir".
Para Fernando Noronha, a chave para a compreensão das pedras parideiras aconselha a fazer uma fantástica viagem no tempo: "Temos de imaginar uma coisa com muitos milhões de anos. Se tivermos essa capacidade, podemos ver uma rocha desde a nascença quase até à morte. Simplesmente ela nunca morre, porque reincarna noutra. É um ciclo litológico". E conclui: "Como há rochas ígneas, rochas sedimentares e rochas metamórficas, elas nunca morrem. Uma quando acaba dá lugar a outra". O granito da Castanheira, aquando da sua formação ou instalação, terá agregado no seu seio restos de rochas preexistentes. Esses materiais deram origem a formações nodulosas de predominância biotítica (encraves ou jogas). Já depois disso, há 320 milhões de anos, o granito terá sofrido poderosas deformações. As pressões que estiveram na origem deste processo exerceram-se também sobre os encraves e determinaram o seu achatamento.
Entretanto, as massas graníticas que afloraram à superfície do solo vão-se, nos nossos dias, desagregando e libertam os encraves. E Fernando Noronha conclui: "O partir do granito é que vai libertar os seus prisioneiros que são os encraves, processo facilitado pela acção erosiva".
Adaptado de:
REPORTAGEM publicada por Augusto Baptista na revista "Notícias Magazine" em 16 de Maio de 1993
In http://arouca.blogs.sapo.pt/arquivo/2004_08.html