sexta-feira, 30 de março de 2007

MAMÍFEROS EM EXTINÇÃO

ALTERAÇÕES AMBIENTAIS PROVOCADAS PELO HOMEM TÊM LEVADO MUITOS ANIMAIS AO DESAPARECIMENTO

Os mamíferos desde o seu aparecimento há cerca de 180 milhões de anos, foram evoluindo e adaptando-se ao meio ambiente. Mas, nunca, tantas espécies de mamíferos desapareceram ou estiveram em vias de extinção.
A responsabilidade recai, quase exclusivamente sobre o homem, que corta as florestas, lavra os terrenos, drena os pântanos, desvia o leito dos rios, restringe consideravelmente o habitat dos mamíferos.

O grau de interferência do homem é tão grande, que provoca um desiquilíbrio profundo na biosfera, com consequências para a própria humanidade, provocando grande diminuição de reservas naturais, quer vegetais, quer animais.
Existe uma relação directa entre o aumento da população humana e o número de espécies extintas, por duas causas fundamentais:
-destruição directa - provocada pela caça intensa, como desporto ou para conseguir carne, couro;
-destruição indirecta - provocada pela alteração do habitat de muitas espécies através da destruição de florestas e de campos e do crescimento das cidades.

A Europa e a América do Norte são as regiões do globo que sofreram maiores transformações no ambiente natural. Há um milhar de anos atrás o continente europeu era coberto de extensas florestas, hoje desaparecidas. A fauna sofreu uma redução drástica, em especial, as espécies de grande porte, tais como, o alce, o bisonte, o urso, o lobo, o lince, hoje em número muito reduzido e só limitado a áreas muito restritas.

O único grande bovídeo que ainda sobrevive na Europa é o bisonte, actualmente confinado, sob severa protecção, nas florestas de Bialowieza (Polónia), em alguns parques da Rússia e na Suécia e nos Jardins Zoológicos de todo o mundo.
O bisonte deixou de existir no estado selvagem na década de 1920, perseguido por doenças, pelos predadores e, principalmente, pela civilização que alterou e destruiu o seu habitat.

Nos Estados Unidos e no Canadá o número de bisontes americanos diminuiu drásticamernte devido à intensa caça a que foram submetidos para proporcionar carne aos construtores dos caminhos de ferro. Estes herbívoros podem chegar a pesar uma tonelada e medir três metros de comprimento e dois metros de altura. Caracterizam-se pela bossa no pescoço e pelo grande colar de pele lanosa. No Inverno, alguns rebanhos deslocam-se para zonas mais quentes em busca de alimento, enquanto outros escavam na neve para encontrar pequenas zonas de pasto. No verão os machos lutam ferozmente pelas fêmeas. O seu tempo de vida é de 30 a 50 anos. Hoje, nas pradarias do longínquo oeste americano, já só restam cerca de 2500 exemplares.

Na Ásia observa-se um discreto equilíbrio da fauna, dado o respeito religioso pelos animais. No entanto, ao sul da Ásia o rinoceronte sofre uma caça intensa e absurda, por se acreditar nas qualidades mágicas e curativas dos seus cornos e de outras partes do corpo. O rinoceronte da Índia é a variedade maior deste animal em toda a Ásia. Tem um único corno, que chega a medir 40 centímetros. De facto não é verdadeiramente um corno, mas um feixe de pelos fortemente unidos entre si. Este animal tem uma altura semelhante à de um touro e pesa mais de duas toneladas. A sua pele é muito grossa, com pregas profundas que parecem placas de blindagem e protuberâncias semelhantes a rebites. Com este aspecto é natural que muitos pensassem tratar-se de um animal couraçado. De facto, um rinoceronte em investida parece um tanque de assalto. Infelizmente a "armadura" não o protege das balas dos caçadores que o procuram para vender a sua pele, os seus cascos e, especialmente, o corno, muito apreciado pelos curandeiros orientais. O seu tempo de vida oscila entre os 30 e 47 anos. Actualmente restam uns mil rinocerontes na Índia, que vivem em reservas protegidas.


Fontes:
Enciclopédia da Ciência Ilustrada, Abril Cultural,1973, p.3244-3247, Vol.10;
http://sotãodaines.chrone.pt

A FLORESTA TEMPERADA



Ao silêncio do Inverno segue-se uma explosão de cores e sons primaveris...


A diferenciação estacional nas florestas temperadas é bastante acentuada. A Primavera é caracterizada pelo verde intenso das folhas e pelas mais variadas flores. A folhagem das árvores, que no Verão é verde, começa, na chegada do Outono, a tomar tons avermelhados, acabando por cair.

Há milénios que o Homem se tem concentrado, preferencialmente, no hemisfério norte, onde têm surgido os mais importantes progressos da sociedade. As grandes variações térmicas e as alterações climáticas agem como estínulo a uma contínua adaptação dos organismos vivos. Os animais e as plantas, pela contínua luta com o ambiente, muitas vezes hostil, sofrem constantemente um processo evolutivo, de forma a tornarem-se aptos a enfrentar o dinamismo ambiental.

A intervenção do Homem nas regiões temperadas tem destruído vastas áreas de floresta, para utilização dos solos na agricultura, pelo que, actualmente, a floresta temperada, com características primitivas está limitada a poucos milhares de quilómetros quadrados. A diminuição da área florestal implicou a redução da população animal nessas regiões e muitos deles modificaram o seu regime alimentar, que, em parte, é constituído pelo que conseguem no solo aberto e cultivado pelo Homem.


Amendoeiras em flor, Foz Côa, 2007









A fauna da floresta temperada é constituída por espécies de pequeno porte que migram ou hibernam. As aves são, predominantemente, migradoras, como o pica-pau verde, alguns pequenos mamíferos, répteis, anfíbios, moluscos e artrópodes. Os roedores que não se delocam, tal como as lebres e os esquilos, trocam de pelo com a chegada do inverno, mas o índice de mortalidade é muito elevado quando chega o frio. A marmota, que é um pequeno herbívoro roedor hiberna, tornando-se uma presa fácil para os predadores. A comunidade ecológica animal da floresta temperada é constituída por lobos, raposas, javalis, cervos, infelizmente, quase todos, actualmente, em vias de extinção.


Nos riachos, charcos e lagoas das águas das florestas temperadas, existem peixes, rãs, salamandras, sapos e grande variedade de insectos.


A floresta temperada é um ecossistema constituído por comunidades de plantas, animais e microorganismos que interagem com o ambiente não vivo como uma unidade funcional. O Homem faz parte integrante do ecossistema, o que llhe fornece uma grande variedade de benefícios, contribuindo para o seu bem-estar, onde se incluem serviços de:
PRODUÇÃO - alimentos, combustíveis, água potável e recursos genéticos;
REGULAÇÃO - clima, controlo da erosão, doenças humanas e purificação da água;
SUPORTE - produção primária, produção de oxigénio, formação de solo;
CULTURAIS - enriquecimento espiritual, desenvolvimento cognitivo e experiências de reflexão, de recriação e estéticas.

A Biodiversidade é constituída pelos organismos vivos de todas as origens, incluindo os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos dos quais esses organismos fazem parte. Os produtos da biodiversidade incluem muitos dos serviços produzidos pelos ecossistemas, como alimentos e recursos genéticos, pelo que as mudanças da biodiversidade influenciarão todos aqueles serviços. No entanto, é de realçar o valor intrínseco da diversidade das espécies vivas independentemente do papel importante que a biodiversidade tem no fornecimento de serviços pelos ecossistemas.
As mudanças dos ecossistemas pode ter pouco impacto em dias ou semanas, mas apresentam um impacto marcante no decurso dos anos, década após década. De acordo com Millennium Ecosystem Assessment, conforme referenciado em "Ecosystems and Human Well-Being: Biodiversity Synthesis", a floresta temperada apresenta impactos negativos na biodiversidade, nomeadamente:

  • elevada mudança de habitat, com itendência de mpacto decrescente;
  • baixa mudança climática, com tendência de crescimento muito rápida;
  • baixas espécies agressivas, com tendência de crescimento muito rápido;
  • moderada exploração, com tendência de impacto continuado;
  • poluição (nitrogénio e fósforo) moderada, com tendência de crescimento muito rápido.

As regiões de floresta temperada mostram tendências de subidas acentuadas em alterações climáticas, espécies invasoras e poluição, o que influenciará, muito negativativamente, a curto prazo, a biodiversidade dessas regiões, se não forem tomadas medidas adequadas e urgentes.


É preciso contrariar os impactos negativos sobre a biodiversidade se quisermos continuar a ver as explosões de cores e a ouvir os sons primaveris, a seguir ao silêncio do Inverno....

PARQUE NACIONAL DA PENEDA GERÊS


A FLORA

A flora de cada região depende de diversos factores, tais como o clima e a altitude. Até aos 1200m, a vegetação é bastante densa. A baixas altitudes, em vales quentes e abrigados existe o bosque de carvalho alvarinho (Quercus robur), encontrando-se também a gilbardeira (Ruscus lusitanica), o medronheiro (Arbustus unedo) e o azereiro (Prunus lusitanica), entre outros.
O bosque de carvalho-negral ocorre em maiores altitudes, entre os 1200m e os 1400m, no chamado piso de montanha. Além do carvalho-negral (Quercus pyrenaica), podem encontrar-se o mirtilho (Vaccinium myrtillus), o azevinho (Ilex aquifolium), o vidoeiro (Betula celtibérica e Bétula pubescens), o teixo (Taxus baccata) e o pinheiro.
Acima dos 1400m subsistem o zimbro e os arbustos rasteiros.


Azevinho Feto-do-Gerês Medronheiro


Existem ainda algumas espécies autóctones, tais como o feto-do-Gerês, o lírio-do-Gerês e o hipericão-do-Gerês.




Mato


Lírio-do-Gerês

A FAUNA


Estão recenseadas 226 espécies de vertebrados protegidas pela Convenção de Berna, das quais 65 pertencem à lista de espécies ameaçadas do Livro Vermelho de Portugal. O isolamento em que permanecem as altas zonas serranas e as condições favoráveis do meio permitiram que se mantivessem aqui espécies hoje raras e únicas no mundo, como é o caso dos garranos selvagens (Equus caballus). O garrano é um cavalo de pequeno porte que corre pelas serras do Parque e que não é estranho a quem o visita. Muitos deles já não são selvagens e pertencem aos aldeões, mas andam soltos pelas serras.
Subsistem também o javali, a raposa, o texugo, a lontra, o gato-bravo (Felis silvestris), a fuinha, o musaranho-dos-dentes-vermelhos (Sorex granarius), a marta (Martes martes) e o esquilo (Sciurus vulgaris).
Há também espécies que têm vindo a desaparecer, como o lobo e o corço, para além do garrano. O lobo (Canis lupus), quase extinto em todo o país, ainda subsiste na Peneda-Gerês, embora com pouca representatividade. Tido como predador de gado, sofre com a perseguição do homem e com as alterações do seu habitat, nomeadamente com o desaparecimento de várias espécies que constituem a sua alimentação.


Lobos


Raposa



O corço é um animal florestal parecido com o veado, apesar de o seu porte ser muito menor. Existem também texugos e gatos bravos.





A comunidade de morcegos presente no Parque do Gerês conta com oito espécies, das quais a mais importante em termos de conservação é o morcego-arborícola-pequeno.

O boi barrosão e a vaca cachena são animais típicos desta zona. A cachena é um animal de pequena estatura - o mais pequeno dos bovinos portugueses (altura à cernelha de cerca de 110 cm) e um dos mais pequenos do mundo - e encontra-se apenas em algumas zonas serranas. Também é conhecida por cabreira, devida à sua grande mobilidade na serra. É um animal de trabalho, que tem vindo a desaparecer à medida que a agricultura de subsistência e as tarefas agrícolas se reduzem.


Vaca cachena e boi barrosão

O boi barrosão é natural das áreas planálticas, sendo um animal de maior porte, com boa capacidade de trabalho e também boa qualidade da carne. Existe também o burro, que, é ainda considerado um bom animal de trabalho. A cabra-do-gerês (Capra pyrenaica) e o urso pardo (Ursus arctus), que noutros tempos existiram na serra, encontram-se extintos.
Ainda se pode ver o milhafre-real, a águia-de-asa-redonda, o falcão, o bufo-real, a coruja-do-mato e o mocho-de-orelhas-pequenas. A águia-real, ainda pode ser vista, embora esteja em vias de extinção.

Águia-real, coruja e víbora


De répteis, subsistem a cobra-d’água, o lagarto d’água e a salamandra-lusitânica (Chioglossa lusitanica). A víbora (Vipera latastei e Vipera Seonei) está ainda bem representada no Parque. A Vipera Seonei é uma espécie endémica do Norte da Península Ibérica e a apenas existe em Portugal na zona do PNPG.

Fonte: Naturlink