sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

A "VIDA" DAS ROCHAS - AS PEDRAS PARIDEIRAS



Na aldeia de Castanheira, na Serra da Freita, concelho de Arouca existe um fenómeno raro no mundo. Chamam-lhe as “Pedras Parideiras”, pois são pedras que parem pedras…


O afloramento tem a forma de uma janela granítica oval, com 500x700m e apresenta no seu seio formações nodulosas. Os curiosos nódulos têm forma de disco biconvexo que pode chegar aos 15-20 cm e diâmetro e 5-6cm de altura máxima. O seu núcleo é composto essencialmente por quartzo e feldspato e está envolvido numa coroa tipicamente biotítica (mica preta).




Entretanto, as massas graníticas que afloraram à superfície do solo vão, por acção da meteorização mecânica, nos nossos dias, desagregando-se e libertando os referidos encraves. A pedra racha e parte – porque tem uma foliação bem marcada – e nessa altura o nódulo de biotite sai. O que se passa neste caso é uma acção conjunta da meteorização pela acção do gelo (gelivação), e pela acção do calor (crioclastia/termoclastia).


A termoclastia constitui um tipo de agente de meteorização, provocada pela variabilidade da temperatura na superfície dos materiais rochosos, provocando uma variação no volume. Os encraves dilatam-se, como reacção a temperaturas elevadas, e contraem-se por reacção ao arrefecimento. Como as rochas são em geral agregados poliminerálicos, e devido ao facto de cada mineral apresentar diferentes valores de coeficiente de dilatação, surgem diferentes velocidades de expansão e contracção. As partes mais externas das rochas, sujeitas a fortes amplitudes térmicas diurnas vão-se fracturando.



A desagregação pela gelivação é das mais eficazes em termos de fracturação, embora seja um mecanismo de carácter sazonal e que ocorre, predominantemente, em zonas de alta montanha. Este agente, contribui activamente para o “parir” do nódulo de biotite. A água contida nas fracturas, quando a temperatura é menor que 0ºC, começa a gelar na parte mais superficial. À medida que a temperatura exterior baixa, as cunhas de gelo vão crescendo no interior das fracturas. A água ao congelar, aumenta de volume (cerca de 10%), exercendo consequentemente, uma grande pressão, no interior dessas fracturas, provocando o seu alargamento e prolongamento. Logo, promove a desagregação das rochas, e o consequente “parir” do encrave biotítico.



As Pedras Parideiras, afloram à superfície da rocha, desprendem-se e vão-se acumulando no solo e os camponeses da região chamam à rocha "a pedra que pare pedra", isto é, a rocha que produz uma outra rocha.

Adapatado de : A''Vida'' das Rochas, as Pedras Parideiras.htm, Artigo no âmbito da colaboração Visionarium/ Ciência Hoje, 2006-02-09, por José Manuel Lobo e Bruno Manuel Rodrigues Novo.
Nota- Todas as fotos foram feitas por mim quando visitei o local, em Fevereiro de 2007.


1 comentário:

mario figueiredo disse...

Tenho 78 anos e nunca tinha ouvido nada sobre...Há 15 dias fui lá. Compreendi que não se encontrariam a partir pedras. Procurei em peque-
nos regos de água que desciam a ra-
vina. Encontrei-as desde 1 a 9 cm
e quando encontre esta, tinha 23.
Delirei.Valeu a pena a viagem.Vou voltar.Quero uma maior . . .